O uso da terapia de reposição hormonal (TRH) para prevenção de doenças é tema controverso. Uma meta-análise avalia o impacto da TRH sobre o risco do acidente vascular cerebral.
Até o ano de 2002, a terapia de reposição hormonal foi comumente prescrita para tratar os sintomas da menopausa e para tratar ou prevenir doenças crônicas, como doença cardiovascular e osteoporose. Um estudo publicado nesta época, o WHI (Women’s Health Initiative) mudou este panorama vez que mostrou o risco geral de saúde da TRH excedia o benefício para a saúde. O assunto até hoje é polêmico, com pessoas defendendo e contestando este tipo de tratamento. Inclusive aquelas que se preocupam com risco aumentado de acidente vascular cerebral em decorrência do uso da TRH.
Pois bem, um estudo conduzido por pesquisadores chineses procurou avaliar se de fato durante ou após o uso da TRH existe maior risco de AVC. Eles realizaram uma meta-análise, na qual foram incluídos 4 grandes estudos, envolvendo 15.423 participantes que receberam TRH e 14.582 participantes que receberam placebo. A idade média das participantes variou de 50 a 64 anos. Quanto ao tipo de TRH, 3 estudos usaram estrogênios eqüinos conjugados e 1 usou estradiol, sendo que a duração do tratamento variou de 3,0 a 10 anos e seguimentos das participantes variou de 3 a 15 anos.
As conclusões mais relevantes mostram que o risco de AVC aumentou apenas durante o uso da TRH. Um acréscimo de 32% do risco. Mas que isso não ocorria nas mulheres que já haviam parado de usar a reposição. Ou seja, o risco do derrame cerebral parece decorrer do uso corrente dos hormônios, em particular dos hormônios estrogênicos.
Uma vez interrompida a medicação, interrompe-se também seu eventual efeito negativo sobre a circulação sanguínea cerebral. Apesar do risco de sofrer AVC durante a TRH ser pequeno para mulheres saudáveis, os autores reforçam que o perigo existe e que TRH não poder usada para prevenção de AVC. E que elas devem ser informadas quando iniciam o tratamento. E muitas o fazem por outras razões, tais como ondas de calor e osteoporose.
A pesquisa é mais uma contribuição para médicos e mulheres que precisam decidir ou não por esta modalidade de tratamento, que pelo jeito vai continuar causando polêmica.
Fonte: Blog do dr. Alexandre Faisal / UOL