Há pouco mais de um ano a Coordenação Geral de Urgência e Emergência (CGUE) lançou, pela primeira vez no Ministério da Saúde, um Programa Nacional de Atendimento ao AVC (chamado Rede Brasil AVC) com o objetivo de mudar completamente o cenário do AVC no país, estruturando redes de assistência ao AVC contemplando todos os níveis de atenção: educação da população, atendimento pré-hospitalar, hospitalar, prevenção e reabilitação. O programa iniciou pela organização das redes de urgência (pré-hospitalar e hospitalar), com grande adesão dos estados e municípios. A CGUE mobilizou entidades, instituições, hospitais e sociedades para participarem de debates em diversos foruns, incluindo o Congresso de Atenção às Urgências do MS em junho de 2008 e recentemente o Simpósio Brasileiro de Unidades Vasculares (abril de 2009). Em pouco tempo, a repercusão foi enorme, pela perspectiva que esta organização traz, de rapidamente modificar o grande impacto da morbidade e mortalidade do AVC no país. Atualmente já temos quase 20 estados visitados, mais de 50 hospitais públicos envolvidos em diferentes estágios de organização e estruturação de seus serviços e todo o SAMU Nacional mobilizado para combater a doença que mais mata e incapacita no Brasil. O projeto envolve Sociedades Nacionais (Academia Brasileira de Neurologia, Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, Associação Médica Brasileira, Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Neurocirurgia) e internacionais (Sociedade Iberoamericana de Doenças Cerebrovasculares e World Stroke Organization).
Em 16/09/09 foi anunciado pelo Ministério da Saúde a representantes da Academia Brasileira de Neurologia/Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares que este projeto é inviável porque envolve trombolítico que, apesar de ser o único tratamento disponível para o AVC, é inviável para o SUS devido ao custo, propondo que seja criado um comitê para iniciar as discussões sobre o que pode ser feito pelo AVC país.
Depois de tantos anos de discussão e solicitação para que o MS tenha uma política de Governo para o combate ao AVC não precisamos rediscutir o que já é conhecido e comprovado em todo o mundo: a custo-efetividade do tratamento do AVC, inclusive no SUS. Que proposta nós vamos discutir se a atual já contempla todos os níveis de atenção ao paciente, utiliza as intervenções que tem maior nível de evidência na assistência ao AVC, com avaliação in loco das necessidades de cada estado/município e já está em implementação?
A Rede Nacional não vai parar. Não é possível jogar fora um trabalho de 14 meses de implantação efetiva para propor que continuemos a não fazer nada pelos pacientes. Não podemos mais ficar de braços cruzados esperando que as coisas aconteçam no Brasil. A ONG Rede Brasil AVC seguirá seu trabalho junto aos estados e municípios que quiserem seguir no desenvolvimento de suas redes assistenciais.