A incidência de acidente vascular cerebral (AVC) entre os americanos caiu nas últimas duas décadas, assim como a taxa de mortalidade da doença. É o que aponta um estudo realizado, no segundo semestre deste ano, na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e publicado no Journal of the American Medical Association (Jama).
Segundo a pesquisa, o número de pessoas que sofreram um derrame pela primeira vez nos Estados Unidos caiu 50% entre 1987 e 2011. Em relação às mortes subsequentes ao AVC, a queda foi de 40%.
O levantamento indicou que tal redução ocorreu especialmente em indivíduos com mais de 65 anos — entre aqueles de 45 a 64 anos, a prevalência de AVC permaneceu estável durante o período. A queda na taxa de mortalidade por derrame ao longo desses anos no país aconteceu principalmente entre pessoas com menos de 65 anos.
Na opinião dos pesquisadores, essa redução ocorreu devido ao maior controle de fatores de risco à saúde cardiovascular, que inclui prevenção à pressão alta, o fim do tabagismo e o uso de estatinas para diminuir o colesterol.
Melhoras — “Nós podemos nos parabenizar porque estamos indo bem, mas o AVC continua sendo a quarta causa de mortalidade nos Estados Unidos. Essa pesquisa aponta as áreas que precisam ser melhoradas”, diz Josef Coresh, professor de epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Johns Hopkins e um dos autores do estudo. Segundo ele, os especialistas devem focar em prevenir o derrame em pessoas com menos de 65 anos e diminuir a taxa de mortalidade por AVC entre maiores de 65.
“Ainda há muitos fatores que ameaçam aumentar a taxa de derrame cerebral novamente, e se nós não resolvermos esses problemas, as nossas conquistas podem ser perdidas”, afirma Coresh. Em sua opinião, uma das preocupações dos especialistas na área são as consequências da atual epidemia de obesidade, uma vez que o excesso de peso pode levar ao diabetes e à hipertensão, ambos fatores de risco para o AVC.
Análise — A nova pesquisa se baseou nos dados de 15.792 americanos de 45 a 64 anos que começaram a ser acompanhados a partir de 1987 e até 2011. No início do estudo, nenhum deles havia sofrido um AVC. Durante esse período, 7% tiveram um derrame cerebral, sendo que 10% morreram um mês após o episódio e 21%, após um ano.
A cada década, a taxa de mortalidade por AVC diminuiu em oito óbitos a cada cem casos de derrame. Essa queda foi mais acentuada em pessoas com menos de 65 anos.